Prezados amigos, boa tarde!
Tomo a liberdade de publicar no nosso blog o texto feito e lido pela Danielle, filha do nosso querido e saudoso Cel. Av. Cambeses, falecido no mês passado, por ocasião da missa realizada na Capela do HCA.
O texto muito me sensibilizou e, confesso, veio lágimas nos meu olhos criando um vazio dentro do meu peito.
Que reconhecimento de amor e carinho pelo pai que se ausentou dela!
Sei que, onde quer que ele esteja, estará ouvindo permanente o eco da voz carinhosa de sua filha lendo o texto.
Como ele deve estar orgulhoso.
Feliz o pai que recebe estes reconhecimentos dos seus filhos.
Este texto está sendo publicado com o consentimento da Danielle.
Taveiros
Segue o texto:
"Nunca me imaginei escrevendo sobre meu pai na condição de saudosismo.
Por mais que saibamos que essa é a ordem natural da vida, os pais são heróis e
como tal não imaginamos que heróis também cumprem sua missão na terra. A grande
maioria dos presentes conheceu bem o Cambeses amigo e profissional, mas acho
que muitos não conheceram com profundidade o seu lado pai, e é aí que eu
gostaria de contar um pouquinho para vocês. Peço perdão, pois não herdei o dom
da palavra que ele tinha.
Quando criança, meu pai passava muito tempo viajando. Voltava para casa
com seu macacão de voo (que ainda guardo na lembrança o cheiro), me pagava no
colo e me abraçava. Trazia para a família um caminhão de presentes e queria dar
tudo de uma vez só (minha mãe ficava doida). Nos levava com frequência ao
Tivoli Park, à praia, ao Zoológico, à Quinta da Boa Vista e ao clube da
Aeronáutica e só íamos embora quando eu e meu irmão não aguentávamos mais
brincar (e éramos crianças com MUITA energia). Eu era até então a “titinha do
papai”. Achava ele o máximo e o homem mais forte do mundo. Era o maior símbolo
de proteção pra mim. Brincalhão, adorava me fazer ciúmes e sempre alcançava seu
objetivo com louvor. Ficava furiosa! De tanto falar que ia viajar bonitão, uma
vez chegou ao destino e ao abrir a mala, constatou que tinha levado apenas
roupas de ficar em casa. A figurinha aqui tinha feito a troca do conteúdo
quando todos já tinham ido dormir. Foi a maior confusão!
O tempo passou e comecei a não caber mais no colo dele. Comecei a querer
sair para as festas, e ele sempre me levou e buscou em todas elas. Era um pai
superprotetor. Tinha uma paciência que não via no pai das minhas amigas. Fui
crescendo e comecei a sair sozinha, ele não precisava mais me levar, mas sempre
pedia para mandar mensagem dizendo que tinha chegado... esse pedido permeou até
seus últimos dias de vida: “para o papai ficar tranquilo”.
Não era muito de fazer declarações, mas demonstrava seu amor através de
atitudes. Se fazia presente em todos os momentos, vivia comprando as gostosuras
preferidas de cada um de nós. Não podia me ver quieta que vinha puxar papo para
tentar entender o que estava acontecendo. Era muito brincalhão e acordava de
bom humor, querendo conversar logo cedo. Todos os dias de manhã, brincava com
as minhas roupas quando saía para trabalhar: é festa junina? Vai pescar? Ué vai
de pijama? E nas vezes que a insegurança batia e pensava em trocar, ele dizia:
brincadeira filha, está bonita.
Conforme foi envelhecendo, seu coração foi ficando mais mole e ele
começou a demonstrar com palavras todo seu amor pela família. Eu te adoro minha
filha, você é o meu amor, passaram a ser ouvidas com frequência. Deco meu
filho, seu pai te ama. Minha mãe então, nem se fala, era declaração atrás de
declaração, queria estar perto o tempo inteiro. Era muito grato por qualquer
coisa que fazíamos por ele. Tudo, o tempo todo. Não só com a gente, mas com
todos a sua volta.
Meu boa noite diário sempre contemplou um beijo, mas desde que meu pai
ficou doente, os beijos vieram seguidos de um eu te amo. Ele respondia que
também me amava e em seguida agradecia por tudo que fazíamos por ele.
Tenho muito orgulho de ter tido um pai tão maravilhoso e ao lado da
minha mãe, que também é brilhante, terem dado a mim e ao meu irmão princípios e
valores sólidos, nos ensinado a respeitar o próximo, a amar os animais, não
desistir dos nossos sonhos e a sermos pessoas gentis. Cresci com a certeza que
independente do problema em nossas vidas, teríamos uns aos outros.
Nunca fomos uma família de margarina, mas sempre nos amamos e apoiamos
muito.
Paizinho, estamos fortes, a saudade é imensa e machuca demais, mas
enquanto respirar, você viverá dentro de mim.
Espero que você tenha tanto orgulho de nós como temos de você! Fica
tranquilo que cuidaremos da sua companheira, nossa amada mãe e ela da
gente.
Te amo muito meu meninos dos olhos azuis do céu de brigadeiro!
Obrigada por ter sido um excelente pai e ter deixado muito de você em
mim.
A gente se vê em breve.
Muitos beijos da sua filha Danica"